terça-feira, 23 de junho de 2009


...COM POESIA.

...e ela era a própria, e foi-se.
E como uma foice cortou raiz e palavras
E a poesia que era escrava meretriz, libertou-se
E saiu a procura de outras aladas rimas
E está na esquina à espera de outro verso
Ou de um avesso, pois para um novo traço
Só é preciso um começo...

(Luiz Teixeira 2007)


HORAS VAGAS

... Quando o vazio das horas adormece nos vãos das escadas,
Sem vontade de ser tempo,
A poesia então até a pouco distraída, incandesce, se mexe...
Sou eu a contar minha sede de vida em horas vagas
Numa casa abandonada de uma rua sem saída...
Insanos enganos num relógio de parede
Ainda agora parado a mercê da minha mão.
A corda que puxo, acorda o tempo e é novo...
O labirinto acima da escada... Pode ser tudo...
Pode ser nada... Ou apenas as penas de outra hora vaga...


(LuizTeixeira 2009)



RISCOS AO ACASO

...num traçado mudo, a pena tangencia
nas dobras do papel em branco, titubeia
e com risco mínimo se enrosca na linha
num desenho raso como um fio de veia...



...e nesse flerte insone da palavra e do vazio
cravam-se gotas tinturadas de um desejo lasso
de tornar verdade um inumano passo, num fio
desenhar a vida brotada da mão, num traço...


(LuizTeixeira 2009)




SAUDADE

Enquanto o meu tempo se esvai
Meu rosto se contrai
Em lágrimas de saudade
Não há você na minha tarde
Só há nessa rua uma vontade
Onde o tempo se distrai


Eu quero de volta a noite eterna
Onde o luar pela janela
Clareava seu olhar dizendo sim

E sua boca em meu pescoço
Atiçava minha vontade de moço
Lábios vermelhos de carmim


Escuto a palavra repetida
Nos vazios da ausência , uma ferida
Sangra uma saudade que corta, deixa
Entreaberta a porta de saída, uma queixa
Espero sua volta
Como a noite espera a estrela
Escurece só pra tê-la
Anoitece só pra vê-la
A brilhar na madrugada
Um rastro de luz, uma toada
Adormece o coração, uma ilusão
O silêncio da noite corta
Num rascunho de imaginação
É você batendo à porta...


(Luiz Teixeira 2009)

SOLIDÃO ALADA

...que horas eram aquelas?
horas estranhas, não lembro,
seria agosto ou setembro?
sei que havia uma andorinha ali sozinha.
Seria verão? Não, acho que não.
era só uma ave como eu
a procura da solidão...

Luiz Teixeira 2009



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